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Foi publicado hoje no Meio & Mensagem artigo de Michel Lent com o título "Eu não acredito em Internet", mas antes de comentar o artigo, uma breve observação:
Sempre ouço/leio com muita atenção o que diz o Michel Lent, tenho o maior respeito por suas opiniões, que sempre demonstram muito profissionalismo e uma visão ponderada e livre de vícios ou preconceitos. Fica, portanto, a dica para conhecer seu blog, o "Viu Isso?" e ouvir os episódios do podcast com Lent e Vicent Tardin, o "PodCrer". Dito isso, vamos ao artigo "Eu não acredito em Internet".
Apesar da frase parecer bombástica e vinda de alguém que desconhece totalmente a Internet e suas possibilidades, não é o caso. Lent conhece muito bem a Internet e suas possibilidades, por isso fala com segurança.
O argumento fundamental do artigo é que a Internet quando usanda apenas para não perder a onda ou ainda como "aposta", é na verdade uma escolha de "fé" e esta escolha de "fé" está em oposição a uma escolha bastante material e mensurável de resultados.
Por um lado temos espírito, cuja crença se apoia na fé e apenas nela, e por outro temos matéria, mensurável, concreta e claramente perceptível:

"Enquanto os resultados da internet não forem traduzidos em resultados de negócio (atributos de marca, vendas, cadastros, propostas, etc.), incluir ou não a internet na estratégia de uma empresa estará restrito especificamente a uma questão de fé. (...) a internet (...) é hoje um meio totalmente mensurável, cujos resultados podem e devem ser traduzidos em números de negócios."

Para Lent, afirmar que não se acredita em Internet, não é uma opinião retrógrada de alguém desinformado, mas uma opinião de alguém que busca resultados que possam ser mensuráveis e que, portanto, deve ser respeitada.
É claro que a necessidade de mensuração de resultados nunca deve escapar de nossa vista, mas acho importante destacar duas questões:
1) a real capacidade de mensurar ações na Internet (em verdade não só na Internet). Já se tornou clichê falarmos que o boca-a-boca se tornou mais importante que a publicidade em si, que confiamos mais em pessoas e em suas recomendações do que em marcas e campanhas bacanas, neste sendido, na medida em que cresce a importância das opiniões pessoais e como elas afetam seu entorno, as formas tradicionais de mensuração me parecem, cada vez mais, incompletas e incapazes de descrever a realidade. Isso evidentemente não prejudica a mensuração de resultados em negócios, mas descobrir qual ação isolada foi mais relevante para determinado resultado de negócios, me parece um desafio cada vez maior. Neste sentido tenho grande desconfiança dos discursos que falam em "ações totalmente mensuráveis".
2) o foco no mensurável. Em discurso recente no evento Planning Begins at 40, Jon Steel, falava sobre como o foco no mensurável é, por vezes, danoso, nos fazendo perder o foco sobre os reais problemas a resolver. Pra exemplificar ele falava que um chefe de polícia de Londres defendia a diminuição do número de policiais nas ruas, pois as estatísticas indicavam que quanto maior o número de policiais nas ruas menor era o número de prisões. Neste exemplo a segurança era deixada em segundo plano, em detrimento de indices mais facilmente mensurável, afinal é mais fácil mensurar prisões (dado concreto, material) do que segurança (subjetivo, quase "espiritual").
Pra resumir minha idéia é a seguinte: mensurar é importante, importantíssimo, mas quando nos liberta para trabalhar, e não quando nos prende e nos faz repetir "fórmulas prontas" e de "resultado garantido".

Leia a integra do artigo "Eu não acredito em Internet" de Michel Lent e veja a entrevista de Lent a Guilherme Azevedo, também sobre o assunto.

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